LITERATURA
- Funções Literárias:
1) Função lúdica – forma de brinquedo, diversão, entretenimento, jogo, despertar de emoções agradáveis, distração, sem qualquer finalidade prática e utilitária.
2) Função pragmática ou social – é uma função ética, utilitária e prática porque é a função do engajamento, da denúncia, da crítica. É a literatura compromisso – arte como meio de conscientização. Tem como objetivo: convencer, atrair adeptos, ensinar e esclarecer, difundir valores.
3) Função sinfrônica ou sintonizada: através da literatura restauramos emocionalmente o passado. Nesse sentido, cada leitor é um recriador de emoções.
4) Função cognitiva: é a função do reconhecimento. A Literatura funciona como elemento revelador da verdade oculta sob as aparências. É também a função da descoberta (cognoscere = conhecer). Esta função está centrada no conteúdo transmitido.
5) Função catártica ou purificadora: cartase significa alívio de tensões, desabafo. A catarse é purificadora. Essa função tem uma longa tradição. Por Aristóteles, século IV a.C., ela já era apontada na Poética. Tem como objetivo: a compensação, a terapêutica e a transposição da personalidade.
6) Função perenizadora: literatura é a ânsia de imortalidade, é o desejo de sobreviver ao tempo, perenizar-se, eternizar-se. É o desejo de todo ser humano de extrapolar o limite espaço-temporal. O objetivo desta função da literatura e das artes em geral é o desejo de reconhecimento.
7) Função profética: na busca de mundos imaginários, o escritor, muitas vezes prediz o futuro com precisão quase absoluta. Não é à toa que chamamos ao poeta Vate que significa “cognato do vaticínio” na predição. à previsão do futuro
8) Função de “arte pela arte”: (parnasianos) é um fim em si mesma; é o alheamento dos problemas sociais. É a arte literária que existe apenas e tão somente em função da busca da beleza, é o isolamento para um trabalho meticuloso, sem emotividade. Busca da forma perfeita: versos perfeitos, rimas perfeitas, estrofes simétricas, palavras raras.
9) Função de fuga da realidade, do escapismo ou da evasão: literatura funcionaria como um elemento de evasão do “eu”, permitindo-lhe a fuga à realidade concreta que o cerca. Pode ser construtiva ou destrutiva.
- Gêneros Literários – A palavra gênero significa família, raça, conjunto de seres dotados de características comuns. Em certas obras predominará um gênero sobre o outro, mas nunca haverá a expressão pura de um só gênero.
1) Gênero lírico – A subjetividade lírica é estruturada com idéias, sentimentos, emoções, recordações, desejos, profundos estados de espírito. Podem ser expressos pela musicalidade. No poema lírico não existe protagonistas, como na literatura de ficção. As emoções profundas do poeta, seu “eu”, sua visão do mundo (e não o mundo) são o que vale. Os poemas em verso se apresentam sob forma fixa ou forma livre. Ele se caracteriza, fundamentalmente, por se tratar de uma manifestação do eu-lírico do artista, de uma expressão da sua subjetividade, emoções e sentimentos; enfim, manifestação do seu mundo interior.
2) Gênero dramático – As personagens aparecem dotadas de características marcantes, representando realidades humanas concretas. A obra dramática busca acentuar a ação. O diálogo é fundamental.
Características gerais do gênero dramático:
- O enfoque do problema é concentrado
- a visão é globalizante, o que instiga a visão final.
- a tensão – é a essência dramática
- o desfecho – onde as partes e o todo se relacionam.
- a ação no palco em ritmo cêmico acelerado
- o autor desaparece atrás do mundo criado por ele.
- a realidade é independente.
- algumas vezes, há interferência de um narrador.
- tempo restrito, espaço economizado
- diálogos ou monólogos
Espécies do gênero dramático são:
a) Comédia – é a obra que tem como objetivo alegrar, fazer rir, criticar. Lúdica, critica a sociedade.
b) Tragédia – é a obra cujo conflito tem desfecho trágico, funesto, e que produz piedade e terror. Imitação e purificação. Há morte de alguém. Ex.: Gota d’Água
c) Drama – obra que cria a dramaticidade sobre a vida e o sofrimento comuns ao homem cotidiano. Função pregmática.
d) Tragicomédia – mistura das espécies – é a morte da pureza dos gêneros; casamento do mais elevado sublime da tragédia com o mais imprevisível grotesco da comédia. Está em desuso.
e) Auto – peça teatral que envolve, geralmente, situações de questionamento em relação ao ser humano e à sociedade, com a presença do elemento religioso. (anjos, demônios, santos, padres, Nossa Senhora), bem X mal. Morte e vida severina – culto que não tem rubrica.
f) Farsa – tipo de comédia viva, irreverente, burlesca, pantomima, embuste.
3) Gênero épico – vinculação a fatos históricos. Ex.: I-Juca Pirama – Gonçalves Dias.
Características do gênero épico:
- narra em versos (3a pessoa)
- objetividade
- narra a estória de um grupo humano ou de um povo.
- presença de um narrador
- espécie: epopéia
- geralmente há um herói
- narra sempre um fato histórico glorioso
4) Gênero Narrativo ou ficcional – a ficção é um dos gêneros literários ou de imaginação criadora (ao lado dos gêneros dramático e lírico). A essência da ficção é a narrativa. A ficção é produto da imaginação criadora, embora, como toda a arte, suas raízes mergulhem na experiência humana. Personagens: herói idealizado, anti-herói, vilão; foco narrativo: 1a pessoa, 3a pessoa e 1a / 3a pessoa.
Características do gênero narrativo:
- espaço psicológico ou geográfico
- recriação da realidade ou criação de uma supra realidade.
- narrativa em prosa
- visão objetiva do mundo exterior
- expressa aquilo que se passa na sociedade
- presença de personagens
- tempo cronológico ou psicológico
5) Espécies narrativas
a) Romance – é a narrativa que pretende nos dar mais visão do mundo mediante o conflito de personagens. Apresenta flash-back. Ele caminha e se movimenta dentro do tempo. O romance, de enredo mais complexo, também apresenta pluralidade de ação e várias células dramáticas, estas menos numerosas do que as novelas.
b) Novela – é a modalidade narrativa que se caracteriza pela sucessividade dos episódios, muitas vezes das personagens e dos cenários. Narrativa circular – começa e termina no mesmo lugar. Não apresenta flash-back. Caracteriza-se por uma pluralidade dramática, uma série de células encadeadas, com relativa autonomia.
c) Conto – é uma narrativa que objetiva a solução de um conflito, tomado perto de seu desfecho. O diálogo assume importância. As personagens agem num espaço limitado. Narrativa média / curta. Início: clímax. Final: é reticente (aberto). Apresenta flash-back. O objetivo do conto é imprimir uma idéia, uma única imagem da vida. Número reduzido de personagens. A linguagem é de simples compreensão e objetiva. Apresenta uma unidade única de ação e uma célula dramática. Ex.: Burrinho Pedrês, Noite na Taverna e Laços de Família.
d) Crônica – O importante na crônica é captar um flagrante da vida, que seja pitoresco, atual ou oportuno. Não importa que seja real ou imaginário. A linguagem costuma ser lírica e cotidiana. Pode até conter gíria e expressões estrangeiras. Narrativa bem curta. Utiliza fatos do cotidiano. Perde a atualidade. Carga literária.
e) Fábula – relato fictício, sob forma agradável, para ilustrar uma verdade moral, os personagens são animais. Prosa/verso.
f) Apólogo – narrativa de fundo moral em que figuram, falando, animais ou coisas inanimadas. Prosa.
g) Folclore – narrativa de lendas e costumes que identificam um povo, uma região, etc...
h) Alegoria – exposição de um pensamento sob forma figurada. Ficção que representa um objeto para dar idéia de outro. Tipo de narrativa simbólica que pode entremear-se em qualquer texto.
* Burrinho Pedrês: conto com características de novela com 2 alegorias. Aproxima-se um pouco da fábula.