Novo 'sessentão', Zico quer ver Neymar na Europa e Oscar com a 10 da seleção
Em entrevista ao iG, o ídolo do Flamengo, que faz 60 anos neste domingo, falou sobre sua carreira, relembrou gols e partidas marcantes e também deu pitacos no time de Felipão
Neste domingo, dia 3 de março, um dos maiores nomes da história futebol brasileiro faz aniversário: Arthur Antunes Coimbra, ou simplesmente Zico, completa 60 anos de idade, sendo que 23 deles (de 1971 a 1994) foram dedicados à sua vitoriosa carreira dentro dos campos, principalmente vestindo a camisa do Flamengo, clube pelo qual ainda é idolatrado por todos os torcedores.
Mesmo atuando como meio-campista, Zico anotou 826 gols em toda sua carreira. Desses, 516 aconteceram em partidas oficiais por Flamengo, seleção brasileira, Udinese, da Itália, e Kashima Antlers, do Japão, enquanto os outros 310 foram em torneios não oficiais, categoria juvenil e amistosos.
Em conversa exclusiva com o iG , o "Galinho de Quintino", como também é conhecido, contou quais são os gols que considera os mais importantes da sua carreira. "O do Flamengo x Cobreloa, na final da Libertadores de 1981, de falta. E teve um no Brasil x Uruguai, em 1976, na minha estreia pela seleção brasileira, de falta também.
E o mais bonito? "Foi em 1993, acho, em Tóquio, pela Copa do Imperador do Japão. No jogo contra o Sendai, eu marquei um gol meio que de costas, encobrindo o goleiro", contou Zico.
Confira esse e outros gols de Zico no vídeo abaixo :
Sobre os jogos mais importantes da carreira, um deles ficou marcado de forma negativa. "Aquele Brasil x Itália de 1982 (derrota por 3 a 2). Futebol não é só alegria, né?", questionou o ex-jogador, que considera o duelo contra o Liverpool, na final do Mundial de 1981, e a decisão da Libertadores do mesmo ano, diante do Cobreloa, como os jogos inesquecíveis.
Por falar na sua passagem pelo futebol do Japão, Zico disse tem um arrependimento durante todos os anos que jogou futebol. E foi justamente atuando pelo Kashima Antlers, um ano antes de se aposentar de forma oficial.
"Me arrependo de um ato antidesportivo que tive quando eu jogava no Japão. O árbitro marcou um pênalti inexistente para o Verdy no segundo jogo da final da J-League (de 1993) e antes de o cara cobrar eu fui lá e cuspi na bola. Fui expulso, estava chateado, me arrependo demais. Muita coisa estava envolvida naquele jogo, mas eu não faria de novo", comentou Zico.
Seleção brasileira
Além de falar da sua carreira, Zico também falou com o iG sobre o time de Luiz Felipe Scolari. Ele atuou em 72 partidas com a camisa 10 da seleção brasileira, tendo anotado 52 gols. Atualmente, a equipe de Felipão não tem um homem de criação como titular absoluto. Mas o Galinho dá sua opinião de quem pode fazer essa função: "Oscar, do chelsea", disse.
Ronaldinho Gaúcho foi o atleta em que Felipão apostou no primeiro amistoso depois da sua volta, na derrota diante da Ingalaterra. Para Zico, o astro do Atlético-MG não tem mais o perfil que a equipe precisa. "No Atlético ele é maravilhoso, mas o problema é que nos últimos anos ele não consegue render na seleção aquilo que a gente espera. Isso há muitos anos", comentou.
"O Kaká não é um camisa 10 de ofício, um homem de criação. Ele é mais atacante, não é um armador, mas com certeza estaria na minha seleção brasileira", disse Zico, que completou. "O Kaká tem que ser colocado perto do gol. Ele é rápido, sabe chutar. Eu chamaria".
Neymar na Europa?
Rivaldo, Ronaldo, Daniel Alves, Mano Menezes, Ibrahimovic e Gullit. Todos esses jogadores disseram recentemente que já passou da hora de Neymar deixar o Santos e ir jogar na Europa. Zico sempre foi favorável pela permanência do atacante santista no Brasil, mas de uns tempos para cá, mudou de ideia.
"Sempre quis que o Neymar ficasse por aqui, mas nos ultimos jogos da seleção contra equipes europeias, ele teve dificuldades. Acho que ele deveria enfrentar a dificuldade lá, até para se adaptar. Pelo Brasil, o Neymar não está conseguindo fazer aquilo que ele faz aqui. Não sei se é marcação diferente, táticas diferentes. Agora vejo a necessidade de ele enfrentar essas equipes", falou o ídolo do Flamengo.
O futuro
No final do ano passado, Zico deixou de ser técnico da seleção do Iraque, cargo que era seu desde agosto de 2011. De lá para cá, ele se transformou em uma espécie de conselheiro do Flamengo, que hoje é presidido pelo amigo Eduardo Bandeira de Mello. "Não é nenhum cargo, é só amizade. A gente conversa, troca ideias. Não quero trabalho como dirigente".
Mas o que vai fazer daqui para frente? O ex-atleta admitiu que ainda pretende atuar como treinador, mas tudo depende de alguns fatores. "Só se for uma coisa que me entusiasme bastante, que me motive. Precisa ter condições boas para fazer um bom trabalho. Tudo está aberto, não dá pra fechar portas para isso", finalizou Zico.
FONTE: Escrito por Mário André Monteiro, para o iG São Paulo, acessado em 03/03/2013, às 14h40min.