A Lei de Acesso à Informação levou o Arquivo Nacional, em Brasília, a liberar à consulta cerca de 5.000 fotografias do acervo do extinto SNI (Serviço Nacional de Informações) tiradas por agentes da ditadura militar (1964-1985).
Há fotos de centenas de pessoas presas acusadas de subversão e ligação com a luta armada, obrigadas a posar com roupas íntimas; artistas panfletando a favor da Lei da Anistia, em 1979; e eventos religiosos com o bispo d. Hélder Câmara. A maioria nunca havia sido divulgada.
Também há seis fotografias de um arsenal de armas do grupo guerrilheiro VAR-Palmares, ao qual pertenceu a presidente Dilma Rousseff.
Há ainda fotos de corpo inteiro do jornalista Vladimir Herzog (1937-75) anexadas a papéis do Instituto Médico Legal paulista de 25 de outubro de 1975, o dia de sua morte. Nessas imagens, há marcas da necropsia e de uma mancha escura em seu pescoço.
Fotos da Ditadura
Ver em tamanho maior »
Foto do corpo do jornalista Vladimir Herzog tirada após a autópsia, em 25 de outubro de 1975; o jornalista morreu após sofrer torturas no DOI-Codi de SP
Vlado foi achado morto, pendurado pelo pescoço, numa cela do DOI-Codi (unidade do Exército) em São Paulo, após tortura. O corpo foi colocado no chão para que as fotos fossem tiradas. O fotógrafo é identificado por "Jorge". A ditadura divulgou a morte como suicídio, versão questionada desde o início.
Várias imagens documentam ações pela Lei da Anistia. O cantor Milton Nascimento, os atores Sérgio Britto e Osmar Prado e as atrizes Renata Sorrah e Lucélia Santos, segundo identificação no verso, foram fotografados à distância no Rio de Janeiro.
Nas fotos da armas da VAR-Palmares, as legendas dizem que o material foi apreendido em 14 de janeiro de 1970 pela Oban (Operação Bandeirante) em três apartamentos em São Paulo e um em Osasco: cinco pistolas, dois revólveres, uma carabina, uma metralhadora e bombas de gás lacrimogêneo.
Segundo relatório do SNI, "a VAR-Palmares dispõe de bastante numerário, oriundo do roubo do cofre" da "amante" do ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros. O texto, que acompanha as imagens, relata que 15 integrantes do grupo foram presos. Há referência à "Luiza", um dos codinomes de Dilma na época.
FONTE: Escrito por RUBENS VALENTE, DE BRASÍLIA, para a Folha de São Paulo. Acessado em 06/07/2012, às 11h25min.
Nenhum comentário:
Postar um comentário