sábado, 7 de novembro de 2009
Coluna de Edilson Pinto: "A MEDICINA E A MÚSICA"
Os gregos eram verdadeiramente sábios. E por isso, souberam separar para um só deus – Apolo – a medicina e a música. Zeus sabia mais do que ninguém que deveria colocar essas duas artes sob o domínio do mesmo guardião.
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Então, não foi à toa que o filósofo Francis Bacon exaltou essa perfeita associação – medicina e música : “Os poetas fizeram bem unindo a Medicina e a música em Apolo; porque o ofício da medicina nada mais é que afinar a curiosa harpa do corpo humano e levar harmonia”.
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Esculápio, filho de Apolo, quando herdou do seu pai o dom de ser deus da medicina e cirurgia, continuou a manter a tradição e, assim, tratava toda e qualquer doença com os sons de sua lira. Portanto, são incontáveis as associações de medicina e música na literatura.
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Na sua Odisséia, Homero contou que Ulisses, ao ser ferido no joelho, sarou a própria ferida com o entoar de trovas. Já o rei Saul acalmou a sua ansiedade pela harpa de Davi. Orfeu, quando desceu ao inferno para buscar sua amada Eurídice, trouxe as lágrimas aos espíritos, através do som comovente de sua lira. E conseguiu ainda fazer com que Tânatos, mesmo sedento, parasse de buscar água e que Sísifo deixasse a inútil tarefa de rolar uma pedra até um topo. (Souza NA: “As duas faces de Apolo”; 2000).
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A arte, portanto, sempre agiu em favor da vida. Assim, nada é mais verdadeiro do que as famosas frases de Nietzsche: “A arte existe para que a verdade não nos destrua”; “Somente a partir do espírito da música entendemos a alegria diante do aniquilamento do indivíduo”; “Só a musica transmite a certeza de que existe prazer superior para além do mundo dos fenômenos”.
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Inúmeros são os trabalhos envolvendo a terapia da música no alívio do sofrimento humano. Pesquisa interessante realizada, em 1984, pelo japonês, Dr. Masuru Emoto, denominada de “Mensagem das águas”, colocou a molécula da água sob a influência de diversos sons, dentre os quais músicas de Bach e Chopin, e evidenciou uma nítida harmonia nos cristais da água. É sabido que o corpo humano tem na sua constituição 70% de água, dessa forma, pode esta aí uma das explicações para o efeito benéfico da música.
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Diante do exposto e por acreditar que o nosso país encontra-se doente, mais precisamente os que vivem em Brasília e que habitam o congresso nacional e o palácio do planalto (é melhor deixar em letras minúsculas mesmo, pois grande parte dos que ali se encontram são tão pequenos, assim como são os seus atos: corrupção, desonestidade, nepotismo, etc, etc...), que fiquei pensando, nestes dias de mais um escândalo – já chegou a hora em que, parafraseando Pitágoras que dizia que tudo é número, temos de dizer que no Brasil tudo é escândalo: agora, o da operação navalha –, se poderíamos curar esses brasileiros narcisistas (sim! pois só olham para seus próprios bolsos), através da musicoterapia.
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A pesquisa consistiria em fazer com que esses “doentes” passassem a ouvir, diariamente, algum tipo de música, cujo objetivo seria colocar um pouco – se não de harmonia nos seus cristais –, de compaixão e misericórdia nas suas cabeças, já que duvido que eles tenham corações...
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A música, é claro, não poderia ser aquela que diz: Se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão...”, pois, assim, poderíamos correr o risco de ninguém ouvi-la e, portanto, o trabalho estaria prejudicado por falta de “doentes” a serem pesquisados... Pensei então em utilizar a Nona Sinfonia de Beethoven, que utiliza os versos do poeta Schiller (Ode à alegria): “Oh amigos, mudemos o tom, entoemos algo mais prazeroso e alegre... Abracem-se milhões! Enviem esse beijo para todo mundo! / Irmãos, além do céu estrelado / mora um pai amado. Milhões se deprimem diante dele? / Mundo, você percebe seu criador? / Procure-o mais acima do céu estrelado! Sobre as estrelas onde ele mora...”.
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É claro que após fazer o projeto de pesquisa, teremos que enviá-lo para a comissão de ética – que não seja nem do congresso, nem do palácio do planalto –, para avaliar se o trabalho não trará conflitos de interesse, etc, etc...
P.S. Ah! Aceito sugestões e voluntários para a pesquisa, certo?
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Francisco Edílson Leite Pinto Junior
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Professor, médico e escritor
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FONTE: www.natalpress.com, 11/06/2007.
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