Meu Rincão

Minha terra não é de todos;
Apenas de quem a ama!
Minha terra não tem tudo;
Apenas o essencial!
Minha terra não tem pressa;
Mas, às vezes, corre!
Minha terra não é grande;
Apenas suficiente!
Minha terra é rica:
Cultura, vanguarda, tradição...
Minha terra perfeita? É, não!
É quase humana, mãe!
É mutante:
Cinzenta , estorricada,
De repente, verde, encharcada!
É sensível, persistente, alegre...
Minha terra enche-me de saudade
Sua água revigora-me
É renovação!
São, do Sabugi,
João.

PR_SJS

domingo, 21 de dezembro de 2008

Brasil República_Dândi Negro

Dândi Negro Por Petrônio Domingues ================================================================== Filho de ex-escravos nascido no fim do século 19, Lino Guedes destacou-se como jornalista, escritor e ativista político, respeitado entre a sociedade intelectual paulista. ================================================================== É comum pensar que o negro depois da abolição da escravatura ? 13 de maio de 1888 ? ficou completamente a deriva, excluído do mercado de trabalho e da vida nacional. O retrato completo dessa explicação aponta para um negro anômalo: desempregado ou realizando serviços braçais, analfabeto, desarticulado social e politicamente, despreparado para o mundo civilizado e a vida moderna e, por fim, soterrado em seu complexo de inferioridade. Essa explicação esquemática, simplista e reducionista tem sua parcela de verdade, mas não é tudo que pode (e deve) ser dito acerca do destino dos ex-escravos e de seus descendentes. A história é mais complexa, multifacetada, contraditória e rica de fatos, cenários, personagens e contextos do que se imagina. Além dos negros que ficaram marginalizados ? que por sinal foram muitos ? houve aqueles que também ascenderam social e culturalmente, destacando-se em profissões de prestígio, sendo reconhecidos em ambientes letrados e respeitados pelos mais diferentes extratos da sociedade. Um desses casos foi Lino de Pinto Guedes ? comumente conhecido como Lino Guedes ? nascido na cidade de Socorro, interior de São Paulo, em 24 de junho de 1897. Seus pais eram dois ex-escravos que levavam uma vida humilde e pacata. Quando recém-nascido perdeu o pai, o que fez com sua mãe ficasse responsável pela educação dele e de sua irmã, Gracinda Guedes. Com parcos recursos materiais, recebeu ajuda do ?coronel? Olympio Gonçalves dos Reis, um dos líderes políticos mais poderosos da cidade. Foi a partir dessa relação paternalista de ?proteção? e dependência desse coronel que Guedes conseguiu ingressar na escola, num período em que não era fácil arcar com as despesas dos estudos em que vários estabelecimentos de ensino de São Paulo (e de outros lugares do país) se recusavam a matricular crianças negras. Depois de ter concluído o equivalente ao atual ensino fundamental, mudou-se para a cidade de campinas em 1912, a fim de dar continuidade aos estudos na escola normal e tornou-se professor. Na nova cidade, ampliou seu círculo de amizades, passou a freqüentar novos ambientes e descobriu outros horizontes culturais. Como resultado, desistiu da carreira de docente e assumiu a sua verdadeira vocação: o jornalismo. Seu primeiro emprego foi no jornal Diário do Povo, onde foi contratado como revisor auxiliar. Em seguida trabalhou no Correio de Campinas como revisor-chefe e na redação do Correio Popular. ================================================================== Militância Escrita ================================================================== Paralelamente ao trabalho na grande imprensa, dedicou-se a militância em defesa da ?classe dos homens de cor? (como se falava na época). Afinal, um de seus grandes sonhos era ver a elevação moral, social e cultural desse segmento populacional. Munido de muita disposição de luta e de um discurso cada vez mais racializado, freqüentou grêmios recreativos e eventos sociais da comunidade negra e, principalmente, engajou-se obstinadamente na chamada imprensa negra ? jornais criados por e para os afro-brasileiros. O primeiro desses jornais a contar com sua colaboração foi A União, em 1915, quando Guedes dava os primeiros passos na profissão. Em companhia de Gervásio de Morais e Benedito Florêncio, fundou o Getulino em 1923. vale ressaltar que, em termos de militância, sua grande inspiração foi o abolicionista negro Luis Gama, conhecido pelo apelido de Getulino. Foi, aliás, para homenageá-lo que Guedes convenceu os companheiros a escolher a alcunha como título do novo jornal. Mas esse, assim como outras publicações do gênero, não teve vida longa. Três anos depois Getulino encerrou suas atividades. Tudo indica que Guedes passou a achar a cidade de campinas pequena para suas ambições pessoais e profissionais, por isso transferiu-se para a capital paulista ainda em 1926. Começou a trabalhar no Jornal do Comércio, tendo atuado, até o fim de sua vida, em vários órgãos da imprensa escrita: O Combate, A Razão, Correio Paulistano e, por último, Diário de São Paulo, no qual por vários anos chefiou o seu departamento de revisão. Essas várias mudanças de emprego podem evidenciar o quanto Guedes era respeitado e transitava no meio jornalístico de São Paulo, não lhe faltando oportunidade de trabalho. Em São Paulo deu continuidade à sua militância em defesa dos direitos dos negros, participando de associações recreativas e reuniões sociais da comunidade negra, até que, em 1928 colaborou com Argentino Celso Wanderley na fundação do Progresso, jornal cujo objetivo declarado era angariar recursos para a construção de uma herma à Luis Gama. Nele, Guedes procurou convencer seu público leitor que suas propostas em prol da ascensão do negro eram as melhores. Baseavam-se num discurso moralizador, nacionalista, de valorização da raça, da educação formal e da cultura ocidental. ================================================================== Declínio e Literatura ================================================================== Devido a seus posicionamentos político-ideológicos, entrou em divergência com algumas das principais lideranças afro-paulistas. Fora acusado de ser arrogante, personalista e elitista, em descompasso com os anseios da maior parte da população negra. O fato é que, se, na época de sua chegada a capital, Guedes foi elogiado, depois passou a ser criticado, o que o fez perder cada vez mais espaço no movimento associativo da ?classe dos homens de cor?. Simultaneamente a carreira profissional e ao engajamento político, ele também se dedicou ao mundo da literatura. Sua paixão era a poesia. E, ao traduzir em linguagem poética, seus desejos, sonhos, expectativas, alegrias e frustrações, Guedes notabilizou-se por escrever, o que foi denominado na literatura negra ? uma literatura produzida por afro-brasileiros voltada a tratar de suas questões. Suas primeiras poesias foram publicadas nos jornais da imprensa negra, tanto em Campinas quanto em São Paulo. Em 1924 publicou o livro Luís Gama e sua Individualidade Literária, como forma de render, mais uma vez, tributo ao seu maior ídolo. Dois anos depois deu-se o lançamento de Black, seu primeiro livro de poesia. Segundo o prefaciador de uma de suas obras, ele escreveu o primeiro livro intrinsecamente getulino no Brasil, ou seja, um livro em nome da e para a comunidade negra. Essa opinião é de certa forma compartilhada por David Brookshaw, para quem Lino Guedes foi o primeiro poeta negro do Brasil a experimentar a alma de seu povo. ================================================================== Texto publicado originalmente na revista Desvendando a História, no. 19

História Potiguar

Mais perto de Deus e mais perto do mar... ================================================================== A conveniência era fixar-se ao redor da capela, mais perto de Deus, e mais próximo do mar... Foi assim que as primeiras casinhas de pescadores se aninharam em volta da capela de Nossa Senhora da Soledade. Era o marco inicial e referência maior de Pirangi do Sul, um vilarejo do município de Nísia Floresta (RN). Hoje, na sua beleza singela, pintadinha de novo e bem zelada, a pequena construção religiosa remonta à origem do povoado. Foi no século 19. Manoel Joaquim Freire, Ignez Emiliano Freire e Rita Maria de Macedo doaram um terreno nos arredores da cidade, perto da praia, para a construção de capela, em louvor a Nossa Senhora da Soledade. Sonho realizado, já em 1920, após os pescadores segue-se a chegada dos moradores de Natal e dos arredores. É mais uma década de novas construções e as primeiras casas de veraneio. ================================================================== Um dos pioneiros dessa fase foi o farmacêutico José Augusto da Costa. No volante de seu Ford 29, saía de Macaíba nos finais de semana, para aproveitar a tranqüilidade de Pirangi do Sul. Passados tantos anos, a praia continua ideal para longas caminhadas e para passeios no vilarejo, onde bons restaurantes oferecem o melhor da cozinha potiguar. O destaque fica para a galinha a cabidela, a carne de carneiro e de bode, a carne guisada e, como sobremesa, as famosas cocadas, de dar água na boca. ================================================================== Pirangi do Sul é também muito procurada por quem gosta de esportes náuticos. E não é de hoje. No livro "Jangada: Uma Pesquisa Etnográfica", do folclorista potiguar Câmara Cascudo, são descritas as famosas corridas de jangadas disputadas por pescadores. Quem saía vencedor, depois de um acirrado certame, era agraciado por um colar de pequeninas pérolas. Atualmente não há mais tal premiação. Contudo, os praticantes dos esportes náuticos, com seus modernos equipamentos, continuam atraídos por Pirangi do Sul. ================================================================== A praia tem, como grande atração, suas piscinas naturais, formadas a partir de arrecifes que represam a água do mar, na maré baixa. Apesar de suas areias não tão claras quanto as de outras praias que se estendem ao longo da costa do Rio Grande do Norte, esses reservatórios fazem a alegria das famílias que querem tranqüilidade para o banho de mar. Tudo isso e muito mais se localiza a cerca de 30 quilômetros de Natal. Pode ser alcançado via Rota do Sol, uma estrada litorânea que sai da capital do Rio Grande do Norte até a vizinha Pirangi do Norte. Daí até o destino final, apenas um rio separa as duas "Pirangis" cujas águas dão o nome a essas duas lindas praias do Nordeste. ================================================================== Visite o Rio Grande do Norte, visite a capela de Nossa Senhora da Soledade, visite Pirangi do Sul! ================================================================== Foto – enviada pelo internauta Carlos Roberto Pereira para o site do senador Garibaldi Alves Filho, DE ONDE FOI CAPTURADA.